E aí, tudo bem?

Era 20 de novembro. O telefone tocou e, então, ela passou pela porta giratória, viu o carro ali parado, ele a esperando e, meio que sem saber como se apresentar, deu-lhe um abraço enquanto perguntava: “e aí, tudo bem?”.

Ele abriu o maior sorriso do mundo. Sim, estava.

***

O telefone tocou quando ela já havia deitado na cama e puxado o cobertor até cobrir a cabeça, como se estivesse em um casulo. Em agosto tem sempre aquele frio exagerado, por causa dos ventos fortes e das chuvas intermitentes.

Pensou duas vezes, mas pegou o telefone, porque era ansiosa e não conseguia ficar sem saber quem a telefonava naquele momento. Levantou rápido e, quando olhou para a tela do iPhone, sentiu sua vida voltando dois anos e um silêncio desesperador tomar conta de seu quarto.

Atendeu. Do outro lado da linha, a voz que ela não queria mais ouvir perguntava: “e aí, tudo bem?”. Não mais.

***

Colocou The Turtles no repeat. Happy Together tocava até enjoar, atravessando a janela do apartamento, espalhando amargura e ironia pela cidade. A campanhia tocou e o vizinho que mal a conhecia… “e aí, tudo bem?”.

Era 20 de novembro.

Três gelos e um segundo

Olhou fixamente num ponto e desatou a falar. Queria resolver tudo de uma vez, não aguentava mais toda a angústia de reprimir seus sentimentos e opiniões e desgostos e mais todas aquelas coisas que ele não sabia explicar, mas sentia intensamente por ela.

– Eu sei que disse que não me envolveria… Tentei, mas tô cansado de fugir de mim mesmo. Sei lá… mas eu diria assim, que apesar de tudo, esse meu carinho, estranho e pouco nítido, na verdade, sabe, é todo pra você.

Silêncio.

– Olha, eu devia ter falado antes. Não pense que quero confundi-la ou enganá-la. Eu… eu… não parece, mas…

Silêncio.

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Sobre tudo, a janela

Gostava de sentar perto da janela no ônibus. O vento, a paisagem, o som… precisava estar em contato com a vida o tempo todo e, para ela, a vida podia ser alcançada ali, através do espaço que a breve abertura de janela lhe cedia. Só não sabia como, então repetia esse gesto como um ritual, porque acreditava que uma hora a resposta viria.

Como em todos os dias, sempre na ida e volta para casa, adotou a janela de sua preferência e ali ficaria até seu destino se ele, humildemente, não tivesse sentado ao lado.

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Dos pés à cabeça

O que está em nossos pés pode definir o que está em nossa cabeça? A nossa personalidade, costumes, crenças, gostos e vontades podem ser determinadas pelo que calçamos?

Bom, você pode até não acreditar nisso e achar que o seu sapato é apenas um item que você usa para proteger os pés do frio, de pregos e de sujeiras. Você não está errado, mas o pessoal do TwentyOne Pictures, estúdio localizado em Oslo (Noruega) pensa diferente e prova em belíssimas e intrigantes fotografias que o calçado representa e muito o seu dono.

Para isso, eles saíram pelas ruas procurando pessoas de várias idades e profissões e montaram o The Shoe Project, projeto fotográfico que mostra o rosto e os pés das pessoas, numa combinação que traduz o todo do indivíduo.

Achei incrível. Eu tenho verdadeira admiração por fotografias de pés, afinal, são eles que nos movem em busca do que queremos ser, isso numa análise mais profunda das coisas.

Há também outros projetos legais do TwentyOne, como o One View, que traz imagens despretensiosas feitas através de janelas; o Outside, com imagens do cotidiano feitas na América (USA) e o People, que traz homens e mulheres, elas no trabalho, eles na juventude.

São todos muito bons. Simples, do jeito que eu gosto. Belos e sensíveis.

Para apreciar todos, clique aqui.

Juntos somos incríveis

humans

Ainda no clima de melhora pós-surto, lembrei de um vídeo que a Nokia lançou há pouco tempo. Nada de “merchan”, quando algo é bonitinho mesmo eu elogio e pronto, seja de quem for. Fez bonito, merece o crédito.

Humans é um curta de 1’30” que valoriza a união. A animação mostra algumas das diversas capacidades humanas e passa a idéia de que juntas essas habilidades e características são bem melhores. Inquestionável.

Engraçado, louco, estúpido, carinhoso, corajoso, atrapalhado ou criativo, você pode ser mais interessante se compartilhar o que sabe. Então… o que tá esperando?