Era 20 de novembro. O telefone tocou e, então, ela passou pela porta giratória, viu o carro ali parado, ele a esperando e, meio que sem saber como se apresentar, deu-lhe um abraço enquanto perguntava: “e aí, tudo bem?”.
Ele abriu o maior sorriso do mundo. Sim, estava.
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O telefone tocou quando ela já havia deitado na cama e puxado o cobertor até cobrir a cabeça, como se estivesse em um casulo. Em agosto tem sempre aquele frio exagerado, por causa dos ventos fortes e das chuvas intermitentes.
Pensou duas vezes, mas pegou o telefone, porque era ansiosa e não conseguia ficar sem saber quem a telefonava naquele momento. Levantou rápido e, quando olhou para a tela do iPhone, sentiu sua vida voltando dois anos e um silêncio desesperador tomar conta de seu quarto.
Atendeu. Do outro lado da linha, a voz que ela não queria mais ouvir perguntava: “e aí, tudo bem?”. Não mais.
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Colocou The Turtles no repeat. Happy Together tocava até enjoar, atravessando a janela do apartamento, espalhando amargura e ironia pela cidade. A campanhia tocou e o vizinho que mal a conhecia… “e aí, tudo bem?”.
Era 20 de novembro.